Deus, que vê minha fraqueza opaca
como se fosse de luz a coragem maior
e reluzente: não permita que eu parta
e seja minha morte um partir indiferente.
Permita que eu entregue o meu melhor
em holocausto aos que amo, de repente,
e na morte minha alma escorra feito suor
- carta contida no envelope da pele quente.
Ainda quente mas em breve fria. Permita,
Pai, tal alforria! Invadir o curso do projétil
que rumava ao peito da musa, solar ferida,
e, morrendo, salvá-la. Que torne-se fértil
a óssea dor! Faça, Senhor, útil meu último dia:
após ser duro viver, ser doce ver seguir a vida.
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