O tempo, com longos dedos,
agarrará firme qualquer face.
Virá dessa mão o beijo
que faz flácidas as fibras
até os íntimos detalhes.
Ele, como quem grita segredos,
avisa no trovão dessa tempestade
enquanto suas unhas abrem-se
em covas, lápides, caixas no chão.
O tempo, com longas mãos,
irrigará palidez sobre as faces.
O tempo, com brancas mãos,
supõe sujar de tempo
a eternidade
- mas não.
Pois, oh neve, para ti
Deus reservou o verão.
26 de julho de 2019
20 de julho de 2019
Lar e luz
Quando o amor de Deus
vem como chuva
Michele é meu açude.
Quando o amor de Deus
vem como vento
Michele é meu moinho.
Quando o amor de Deus
vem como noite
compreendo
o recolhimento proposto
e me volto ao colo
cabelos de Michele
- face castanha de um monte
anelado de ninhos
com cheiro de lar e luz.
vem como chuva
Michele é meu açude.
Quando o amor de Deus
vem como vento
Michele é meu moinho.
Quando o amor de Deus
vem como noite
compreendo
o recolhimento proposto
e me volto ao colo
cabelos de Michele
- face castanha de um monte
anelado de ninhos
com cheiro de lar e luz.
1 de julho de 2019
Os que estão em solo já queimado
"Portanto, agora não há nenhuma condenação para os que estão em Cristo Jesus." - Romanos 8:1
Quando um relâmpago vem à planície
Quando um relâmpago vem à planície
de mato ocre e seco que há no coração
- e nela o raio abre as pétalas das chamas
brotando crepitar fúria e medo no dentro
do seu chão - há quem fuja contra o vento
correndo, correndo para o fogo lhe alcançar
ignorando que a justiça ígnea corre mais
que o homem, e que é grande o seu lagar.
Quando um relâmpago vem à planície
trazer sua justiça sobre a terra - e quando
o fogo alastra rítmico sua pureza sem ilhas
e com luz nas crinas, tudo janelas - alcançai
o chão preto que o calor fez do outrora mato!
Pois o fogo não tornará a queimar
os que estão em solo já queimado.
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