31 de janeiro de 2018

Os estados da bananeira e a garoa

Antes

As extremidades verdes contra o sol são lábios
frescos ou membranas ou pálpebras translúcidas
elucidadas em amarelo. O que há com minha vida
que não é tão harmoniosa? O que houve de poda
em você também houve em mim, pelos machados
e por tempestades, bananeira, então por que
essa lacuna de formas entre nosso olhar?
Vem vindo um vento novo; vejo as longas folhas
quase asas asiáticas contra o avanço platina
da nuvem orgulhosa que vem pela tua sede.
Quem como tu mantém a solar índole
mesmo com tal avanço de sombras?

O fruto das nuvens ama o fruto da bananeira
como meu coração, fruto de mim, ama
o que na mulher amada encontro par
coração dela, fruto dela.

Durante

Um tamborilar chiando chaleiras
bem de manso.

Depois

Levei o bebê aos teus pés, pé de bananas.
Desfiando assim teus lábios respinguei
a memória da chuva em você sobre nós.
O bebê riu.

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