Chove.
Eis que a morte espalha medo e mágoa até nas feras
enrolando seus cabelos na água desabada em cólera.
Olhem:
dentro dela alguém cavalga rasgando véus soturnos
sob a lâmina do cajado puro que é sua flâmula e luz.
Troveja.
As montanhas se destacam desse negror tempestuoso
quando o raio feito osso rasga as entranhas da noite.
Vejam:
as torres longínquas tremeram ao sinal adormecido do
golem cujo destino é guardar o tempo no fundo do mal.
Venta.
Quem é esse que voa sem ter asas trazendo iluminadas
brasas na boca para que purifiquem sua língua seca?
Vejam:
o cavalo sob o ancião rasga a noite para fazê-la dia.
Troveja.
O profeta em sua montaria mescla o trovão à sua voz.
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