22 de janeiro de 2018

A angústia abocanha o nosso peito
porque há quem tenha o que não temos.

É a cidade.

Sempre prestes ao abismo
ou prestes ao maior fogo
sempre prestes à civilidade
ou à maior barbárie.

A culpa é dela.

Passa um carro. Passa um sorriso.
Passa um sonho ruínas de tão antigo.
Se não os temos, nada somos.
A cidade tem os cabelos
fatigados de fuligem
e um coração que não parece
ser, um coração que zomba.
A culpa é dela.

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