28 de outubro de 2017
Discurso no banquete dos militares
Irmãos, irmãs: vejam como parte à nossa direita o sol que surgiu de nossa esquerda, imerso de esplendor como outrora emergiu. Olhem como se vai em amálgama róseo e magma, em cascata brônzea, mênstruo e nostalgia. Quando veio, há pouco, era fogo sobre esta face do planeta. Agora nos deixa, confiante que com a parte dele em nós absorvida iluminaremos a noite. Oh, meus iguais! Conseguiremos? Antes, aos soldados era dada a honra de protagonizar os cantos heroicos que se iniciavam com a invocação da aurora. Houve o dia quando a guerra habitava o coração da poesia. Agora, a nós fica resguardado o crepúsculo, apenas, e sua subsequente anti-esperança. Antes, entre macedônios, aborígenes, entre rodas de bigas e hussardos alados, habitava o anseio pelo heroísmo que fosse cantável. Porque antes respiravam homeros, porque antes não explodíamos nossos rivais, ao detonar de um explosivo, mas olhávamos fixamente para seus olhos. Vejam como se dispõem ciclicamente as estações: ainda morremos. Porém, sem a redenção de ser pela mão direta do inimigo. Vejam como glória alguma nos oposiciona em front, quando mortos em bombardeio. Vejam como o mesmo sol que engrandecia Aquiles nos diminui! Vejam o medo, a impessoalidade, a burocracia. O tambor, sem mais demoras aqui proponho, o tambor tem que nos ser novamente a principal artilharia.
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