Eu quis ser amado, sobretudo amado, coisa
que trabalhando nos arrozais não era possível.
Eu via as belas camponesas entregues
aos outros, vencido, transtornado, grande
minha fome de vínculos ternos íntegros
meu corpo sangrando na condição ímpar
de independência compulsória
solitária. Eu quis ser amado.
E vendo o preço dos amores
eu quis comprá-lo. Os carros, os filmes
os cavalos: eu quis comprá-los.
E o ouro foi o mensageiro alado
e pálido a preencher o delgado desprezo.
Eu quis ser amado. E enfim sou.
O ouro fez com que os corações
voltassem a face para o meu beijo.
Eu sou amado. Hoje, sim, eu sou amado.
Olhai os cromáveis aros do meu arado!
Sou amado. O corpo agora insolitário.
Eu sou amado.
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