Por tédio da minha própria vaidade
deixei que meus ouvidos abarcassem
o que diziam de mim, em Valentim.
Eu queria ser como o louco que bebe
comum à toda cidade
ou o como aquele
que dá medo nas crianças
mas uma versão que escreve poemas
desses loucos
e sem dar medo nas crianças
eu queria ser o poeta louco da cidade
e que quando precisassem de alguém
para opinar sobre a simetria das folhas
verdes dentro do plano geral de Deus
viessem falar comigo
quando precisassem de alguém
pra mostrar a beleza das nuvens
responsabilizassem meus olhos
pela resposta.
Por tédio da minha própria vaidade
deixei que meus ouvidos abarcassem
o que diziam de mim, lá e aqui.
E não era
o que sou
o que viam em mim.
Por tédio da minha própria vaidade
deixei que meu coração ancorasse
essa preocupação naquele tempo.
E perguntei:
não me veem!
E respondi:
mas
o que eu mesmo
vejo?
Nenhum comentário:
Postar um comentário