A mulher que amo
está bordando.
Faz belos campos e grutas
os frutos com mais sumo
e as histórias da chuva
ela borda
muito mansa lá fora
aqui dentro
a própria chuva.
Enquanto desintegram-se as horas
eu vejo sorrir meu amor, que borda.
E quando ela borda uma flor
esta flor dá testemunho do sol
pela fala aroma de seu amor
sem palavras.
E quando ela borda o traço fino
e azul do rio, a água testemunha
os peixes e o fim da sede
pela azuleza do seu fio
sem palavras.
Mas eu não sendo flor
e sendo pouco rio
dela dou testemunho
com as palavras
sob o mesmo amor
desta tarde águas.
Enquanto desintegram-se as horas
eu vejo sorrir meu amor, que borda.
também está bordando
a mulher amada.
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