E sendo um dia claro, com sol no centro
os povos urbanos vinham por dentro
dos caminhos, sorrindo. Eram guiados
pelo poeta assinalado, enfim coroado
e tinham entre os dedos longos cantos
nos olhos muitos verdíssimos mantos
na boca a paz sem idade dos alforriados.
Os povos da cidade vinham lentos, sorrindo.
E buscavam fontes, em bosques vizinhos.
Sendo pobres, negros e brancos de braços
largos, sabiam de orgulhos antepassados
em tirar fartura da terra, pão leite vinho
tudo o que os senhores lhes dava contado.
Desceram dos morros, vieram das fábricas
sem ódio e rancor, só esperanças e áfricas.
Encararam o futuro com olhar de amor
e caminharam amor e sussurraram: amor.
A multidão era ela própria uma fonte lírica.
E o poeta à frente, jorrando hinos de louvor.
No entanto, nem todos viram a chama íntima
que trouxe os povos da cidade aos campos.
Alguns, enviados pelos senhores, tantos
quantos eram muitas as flores, aguardavam.
Feito num atol, aguardavam. Sem irmandade
mínima, aguardavam. De pólvoras e espadas
nas esquinas da floresta: aguardavam. E só
o poeta, cheirando profecias do sol, sabia.
Mas seu coração era boa água tranquila.
Pois também lhe profetizara saída, o sol.
A alegria dos oriundos da urbe era lima
afiando os versos do poeta, que crescia.
E ao já ver despontar olhares feito setas
olhares raivosos sem o clima que guiava
já tinha mil metros, o poeta, e a cada
passo se maiorava, de tal forma inquieto
fazendo de si mesmo gigantesca aljava
que com pressa os rivais fugiram de medo.
Sorriu, aliviado, com Deus como epicentro.
Os povos da cidade vinham lentos, sorrindo:
bebiam o riso do êxito, e tal êxodo era vinho.
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