6 de março de 2017

Os reis de copas

Cada coração humano é um reino milenar
Com infinitos castelos de inumeráveis cômodos
Exércitos sérios duquesas adultério vinho pântanos
E cada coração humano é diferente embora todos
Sejam reinos e conheçam o sol a chuva e a noite

Há os reinos costeiros cuja saciedade provém do sal
Que mesmo estéril faz saúde brotar no iodo cotidiano

Há reinos de ouro maciço onde povos miseráveis
Escorrem de fome diante das ameaças dos soldados

Também os que são habitados por poucos súditos
Poucas árvores poucos bichos - reinos dormentes

E há brasões. Muitos! Tantos quanto são as estrelas
Que faltam para transformar a noite em pura luz

No entanto todos os reinos são isolados e só conhecem
A si próprios; um reino manda emissários a outros reinos
Pelos dedos pela boca pelos olhos pelo cheiro
Os emissários nunca retornam e o reino vizinho
Continua tão desconhecido quanto antes

De curiosidade tristeza impotência
Alguns reis choram desconsolados contra o veludo mais puro
Outros dão banquetes e mostram-se trôpegos e indiferentes
Outros dizem sequer lembrar de emissários um dia partindo

Todos porém ficam preocupadíssimos
E meditam tal solidão

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