Quando a mobília da alma de um homem
é esculpida na pedra, não comprada já pronta
Quando seu ódio se alarga a ponto de abrigar o ódio de todos
e sua calma começa a demonstrar o Caminho
Quando o suor da própria terra se confunde ao seu
e profetas de longínquos areais sorriem a sua seriedade
Então seus irmãos passam a ter esperança
e um empenho marmóreo no trabalho cotidiano
banha-lhes em infinita juventude
Quando suas rugas e seus andrajos posicionam-lhe
entre valorosos primórdios e o futuro absoluto
Quando ao falar ele parece pegar ao colo
cada um dos seus e protegê-los feito um pai
Quando ao redor do fogo ele conta de sonhos
em planetas de místico jade e doce capim
Então toda a raça reconhece-se no universo
como estrelas a comer estrelas ou alimento
a suster a tarrafa das constelações
Quando, enfim localizado, este homem sobe furioso
de madrugada à montanha mais próxima de Deus
Quando constrói com o próprio sangue entre as unhas
algo ogival tão rápido quanto muscular e divino
Quando vai banhado em lágrimas jurando retornar
e deveras retorna, tão glorioso quanto são e sorrindo
Então toda a aldeia passa a carregar em si
um olhar pra cima e ir além
um olhar pra si e ir além
um Olhar
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