De óculos, sou homem branco.
Sou careca. Asceta, nem tanto.
O mundo não me deve nada
nem eu nada devo ao mundo.
Nem fui eu a construir a arca
nem fui eu a circundar o muro.
Entre mortos e feridos
fui meu poeta favorito.
Entre doentes e saudáveis
vivi 30 tempos cantáveis.
De óculos, escrevi uns livros.
Careca e anônimo, eu os vivo.
Amei e amo. Sou e fui amado.
E embora eu pressinta olhares
irados e ternos vindos do mato
não sou lido, lindo, nem odiado.
Também, acho, não sou lerdo.
Tenho barba, um bárbaro afeto
e com metro e noventa de altura
quase tenho minha própria lua.
Sob sol e tempestade, 30 anos!
Meu rosto, trovão de espanto,
agradece, Senhor, o entretanto.
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