Se o mundo fosse jardim, cada um pensaria ser a flor única.
Se o mundo fosse tessitura, cada um pensaria ser o fio de ouro
entre tantos fios de algodão cru.
Por isso, literatura, teu é o reinado das artes.
Porque és o espelho que veste a todos de protagonista.
Porque és o espelho que veste a todos de musa.
Porque há vaidade, literatura, e a tua nobreza é dar de beber a todos
os que quiserem da água do sonhar ser.
Tua é a razão de haver heróis.
E canções, histórias, pinturas, esculturas sobre eles
que queríamos sermos nós.
Tua é, enfim, a razão da haver musas.
E por ti tantas vidas sonhadas passaram a existir.
Do exagero, da palavra, do entusiasmo de estar vivo.
E saber-se um dia morto.
Sendo a vida cotidiana menor do que a vida imaginada.
Literatura, mentira não nos contaste.
Mas fantasia nos deste.
Todos os meus músculos, que são reais, estremecem
diante de tua voz solar.
A fuligem da história, a lâmina da rima, o chover do ritmo.
Todos os meus músculos tornam-se os fios de ouro
que eu, se o mundo fosse tessitura, pensaria ser.
Teu é o reinado das artes.
E sob teu cetro prosa e tua coroa poesia
marcham as demais artes.
Sonhando pela tua língua serem lembradas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário