O que mais busquei
embora não pareça
foi ser sábio.
A sabedoria, porém
é esta figura sorridente
que conheço apenas de longe.
Eu dou um passo, ela dá outro
e parece fugir
embora sorria e dance.
Não sinto que zombe de mim
mas sei que não quer
que eu a alcance.
O que mais busquei
foi ser sábio.
Porém, Senhor
usarei esse pequeno espaço
para agradecer
o não ser sábio.
Quantas coisas
por não conhecê-las
acabei por fazer
como se fossem as primeiras?
E quantos críticos
por não saber que me odiavam
eu amei
apesar disso?
Talvez nenhum
talvez cinco.
O não reconhecê-los me fez bem
como faz bem só estar vivo
com a sabedoria ao longe
sorrindo.
Obrigado, Senhor
por eu não ser sábio
embora eu prefira ser
e ter sido.
E prefira não ter dito
tanta besteira
e esquecido
tantos dias.
O prazer novo
que toda velha palavra
me causa
talvez venha disso.
Talvez eu tenha dançado
até aqui
com a novidade
da sabedoria
e nem tenha percebido
que a sua fuga
é uma dança comigo.
Obrigado, Senhor!
Sinceramente
me sinto
a cada dia
menos sábio.
E se esse for
por ironia
um sinal de sabedoria?
Senhor, obrigado.