Porque nasci durante os dias de exílio
não conheço a terra de que me exilaram.
Mas então
sob o inverno
fui de fato exilado?
De lá, dizem-me, eu trouxe a seriedade
que tenho escavada na pedra do coração.
De lá conheço o rio
manso e limpo de águas
que nasce, dizem-me, onde não nasci
para irrigar aqui a ilha de maçãs
do rei, no seu jardim.
Daquela terra eu vi o olhar
castanho da minha esposa
mel e resina nas árvores douradas
quando o sol abre as castanhas
entre a folhagem.
Porque nasci nos dias de exílio
não sei a terra de que me exilaram
mas conheço minha mãe
seu carinho bordado
e meu pai ausente
conheço a violência presente
do meu pai ausente
conheço a ira, o vento, o vinho
e o canto dos pássaros.
E, sob o inverno, me conheço o suficiente
para distinguir que não sou daqui
como estes pássaros.
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