Desde que a vó morreu
Há uma larga cratera na Terra
Um vácuo pela ausência do seu amor
Nos meus olhos
Uma tristeza nova
Na primeira cor da manhã
Pois o amor que ela me dedicava
Ninguém mais poderá me dedicar
Ao mesmo tempo
Também surgiu com sua ausência
O reconhecimento da necessidade
De que o tesouro a mim entregue
Não pode amontoar-se num canto
Que não posso ousar ser aquele
Cuja mesquinharia desonrasse
O nome da Vó Teresa
Assim
Dou continuidade ao fluxo
Único caminho digno ao seu sorriso
E o amor dedicado a mim por ela
Retorna ao mundo naqueles que eu amo
17 de abril de 2017
12 de abril de 2017
Cantiga de Abris
poema selecionado no concurso Poemas no Ônibus e no Trem, da Prefeitura de Porto Alegre, em 2012
O que quer dizer
diz. As coisas
precisam da tua voz
para existir.
O que tua voz quiser evitar
daquilo que tu sempre quis
ignora: que do rubor
não nascem rubis
que só por dizer-se
alegre
já se é
feliz.
O que quer dizer
diz. As coisas
precisam da tua voz
para existir.
O que tua voz quiser evitar
daquilo que tu sempre quis
ignora: que do rubor
não nascem rubis
que só por dizer-se
alegre
já se é
feliz.
11 de abril de 2017
Quaresma
para Rodrigo Faustino, na ocasião de seu 25º aniversário
"Eu vim para lançar fogo sobre a terra: e como gostaria que já estivesse aceso!" - Lucas 12,49
O coração ocre do deserto
purificado pelo sal do suor
haverá de me apontar, Pai, o certo,
haverá, Senhor, de me dar o melhor.
Pois as rachaduras em meus lábios
florescidas na ausência de tua água
formaram setas rumo aos sábios
provérbios de penugem calma
e feridas que, agora abertas,
um dia, benditas, irão se fechar
sob o sol santo que é par
dAquele que disse aos poetas
"Deixem se alastrar o fogo!
Pois fui eu mesmo quem o trouxe
e aqui o derramei, neste chão arenoso".
"Eu vim para lançar fogo sobre a terra: e como gostaria que já estivesse aceso!" - Lucas 12,49
O coração ocre do deserto
purificado pelo sal do suor
haverá de me apontar, Pai, o certo,
haverá, Senhor, de me dar o melhor.
Pois as rachaduras em meus lábios
florescidas na ausência de tua água
formaram setas rumo aos sábios
provérbios de penugem calma
e feridas que, agora abertas,
um dia, benditas, irão se fechar
sob o sol santo que é par
dAquele que disse aos poetas
"Deixem se alastrar o fogo!
Pois fui eu mesmo quem o trouxe
e aqui o derramei, neste chão arenoso".
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